Rosa Emilia Moraes, jornalista de ciência em Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil. (rosaemiliamoraes@gmail.com)
Cerca de 60% dos pacientes com Linfoma Difuso de Grandes Células B respondem bem ao tratamento e alcançam a cura. Porém, entre o grupo refratário, o prognóstico é desfavorável. O transplante de medula óssea ainda é o tratamento padrão aplicado a estes pacientes, enquanto novas alternativas vêm sendo desenvolvidas.
Linfomas agressivos manifestam-se rapidamente, provocando sintomas constitucionais e o aumento dos linfonodos. O tipo mais comum e conhecido de linfoma agressivo é o linfoma difuso de grandes células B (LDGCB), geralmente diagnosticado em pacientes por volta dos 65-75 anos. Em geral é curável, porém de perigosa recidiva, onde apenas metade dos pacientes responderão ao tratamento secundário ou terão condições clínicas para suportarem a terapia de alta dose.
Pesquisadores do centro de Hematologia e Hemoterapia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas apresentam o artigo "Transplante em Linfoma Difuso de Grandes Células B", publicado no v.25 n.2 do Brazilian Journal of Transplantation, com o intuito de trazer uma revisão sobre os tratamentos atualmente aplicados para a população recidivante/refratária de LDGCB.
Desde os anos 90, na maioria dos centros médicos do mundo, o transplante autólogo, quando viável, é consolidado como um tratamento-padrão para linfomas. O transplante autólogo utiliza quimioterapia de resgate de alta dose com células-tronco do próprio paciente.
Já o transplante alogênico depende de uma célula-tronco diferente, proveniente de um doador compatível, provocando um efeito enxerto-versus-linfoma (EVL). Essa resposta imune deve combater as células cancerosas, porém ela pode levar tempo, do qual nem sempre poderá se dispor, conforme a situação da doença no momento do transplante.
Também há maior risco de mortalidade não relacionada à recidiva, desenvolvimento de infecções ou que ocorra doença do enxerto-contra-hospedeiro (DECH). Mesmo assim, o transplante alogênico ainda é reservado para casos multirrefratários na tentativa de remissão e cura.
Com o contínuo avanço no conhecimento da doença e desenvolvimento de novas tecnologias, o foco está na busca de tratamentos de baixa toxicidade. O advento da terapia com células CAR-T, mencionado no artigo, trouxe resultados impressionantes em pacientes com LDGCB multirrefratários, o que já coloca em questão a escolha do transplante autólogo no tratamento de cura. No transplante alogênico, atualmente as taxas de toxicidade já estão mais baixas do que antes. Ainda assim, é de se esperar que os transplantes continuem sendo o tratamento padrão da terapia secundária, enquanto a ciência avança, o que justifica a importância dos estudos nesta área.
National Cancer Institute. Cancer stat facts: NHL – diffuse large B-cell lymphoma (DLBCL) [Internet]. National Cancer Institute [cited on Dec, 2017]. Available at: https://seer.cancer.gov/statfacts/html/dlbcl.html.
Robinson, S.P.; Boumendil, A.; Finel, H.; Blaise, D.; Poiré, X.; Nicolas-Virelizier, E. et al. Autologous stem cell transplantation for relapsed/refractory diffuse large B-cell lymphoma: efficacy in the rituximab era and comparison to first allogeneic transplants. A report from the EBMT Lymphoma Working Party. Bone Marrow Transplant, 2016;51(3):365-71. https://doi.org/10.1038/bmt.2015.286
Rigacci, L.; Puccini, B.; Dodero, A.; Iacopino, P.; Castagna, L.; Bramanti, S. et al. Allogeneic hematopoietic stem cell transplantation in patients with diffuse large B cell lymphoma relapsed after autologous stem cell transplantation: A GITMO study. Ann Hematol, 2012;91(6):931-9 https://doi.org/10.1007/s00277-011-1395-9
DUFFLES, G.; DE SOUZA, C. Transplante em linfoma difuso de grandes células B. Brazilian Journal of Transplantation, 25(02):e0422, 2022.. https://doi.org/10.53855/bjt.v25i2.445_pt
Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Ciências Médicas
Brazilian Journal of Transplantation