FAQ

Como poderei ser doador de órgãos após a morte?
Para ser doador, não é necessário deixar nada por escrito, mas é fundamental comunicar seu desejo da doação à sua família, que sempre se aplica na realização desse desejo, o qual só se concretiza após a autorização desta, por escrito.

Como proceder com o potencial doador falecido?

Considera-se como Potencial Doador todo paciente em morte encefálica. No Brasil, o diagnóstico de morte encefálica é definido pela Resolução nº 2.173, de 23 de novembro de 2017, devendo ser registrado em prontuário, um Termo de declaração de Morte Encefálica, descrevendo os elementos do exame neurológico que demonstram ausência dos reflexos do tronco cerebral, bem como o relatório de um exame complementar. Para constatação do diagnóstico de Morte Encefálica é, inicialmente, necessário certificar-se de que:

1) O paciente tenha identificação e registro hospitalar;
2) A causa do coma seja conhecida e estabelecida;
3) O paciente não esteja hipotérmico (temperatura menor que 35°C);
4) O paciente não esteja usando drogas depressoras do Sistema Nervoso Central;
5) O paciente não esteja em hipotensão arterial.

Após essas certificações, o paciente deve ser submetido a dois exames neurológicos que avaliem a integridade do tronco cerebral. Esses exames são realizados por dois médicos não participantes das equipes de captação e transplante. O intervalo de tempo entre um exame e outro é definido em relação à idade do paciente (Resolução CFM 1480/97).

Após o segundo exame clínico, é realizado um exame complementar que demonstre:
1) Ausência de perfusão sanguínea cerebral; ou
2) Ausência de atividade elétrica cerebral; ou
3) Ausência de atividade metabólica cerebral;

Consentimento Familiar

Após o diagnóstico de morte encefálica, a família deve ser consultada e orientada sobre o processo de doação de órgãos. A entrevista deve ser clara e objetiva, informando “que a pessoa está morta e que, nessa situação, os órgãos podem ser doados para transplante”. Essa conversa pode ser realizada pelo próprio médico do paciente, pelo médico da UTI ou pelos membros da equipe de captação, que prestam todas as informações que a família necessitar. Esse assunto deve ser abordado em uma sala de ambiente calmo, com todas as pessoas sentadas e acomodadas.

Principais causas de morte encefálica

1) Traumatismo crânio encefálico;
2) Acidente vascular encefálico (hemorrágico ou isquêmico);
3) Encefalopatia anóxica e tumor cerebral primário

O que fazer após o diagnóstico de morte encefálica

Após o diagnóstico de morte encefálica, deve acontecer a notificação às Centrais Estaduais de Transplante (CET). Para isso, o médico deve telefonar para a Central do seu estado informando nome, idade, causa da morte e hospital onde o paciente se encontra internado. Essa notificação é compulsória, independente do desejo familiar de doação ou da condição clínica do potencial doador de converter-se em doador efetivo. O óbito deve ser constatado no momento do diagnóstico de morte encefálica, com registro da data e horário. Pacientes vítimas de morte violenta são obrigatoriamente autopsiados. Após a retirada dos órgãos, o atestado de óbito é fornecido por médicos legistas (Instituto Médico Legal). Pacientes com morte natural (Acidente Vascular ou Tumor Cerebral) recebem o atestado de óbito no hospital.

Órgãos e Tecidos que podem ser usados

Órgão/Tecido Tempo máximo p/retirada Tempo máximo de preservação extracorpórea
Córneas: 6h Pós Parada Cardíaca 7 dias
Coração: Antes da PC* 4 a 6 horas
Pulmões: Antes da PC* 4 a 6 horas
Rins: até 30 min Pós PC* até 48 horas
Fígado: antes da PC* 12 a 24 horas
Pâncreas: antes da PC* 12 a 24 horas
Ossos: 6 horas Pós PC* até 5 anos
*PC: Parada Cardíaca

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DOADOR

A avaliação do potencial doador deve considerar a inexistência de contraindicações clínicas e laboratoriais à doação. Assim, de forma geral, não devem ser considerados doadores:

  • Pacientes portadores de insuficiência orgânica que comprometa o funcionamento dos órgãos e tecidos que possam ser doados, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular;
  • Portadores de enfermidades infectocontagiosas transmissíveis por meio do transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatites B e C, e todas as demais contraindicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados. As sorologias para essas doenças devem ser realizadas o mais breve possível. Quando não disponíveis, as equipes de captação providenciam sua realização;
  • Pacientes em sepse ou em Insuficiência de Múltiplos Órgãos e Sistemas (IMOS);
  • Portadores de neoplasias malignas, excetuando-se tumor restrito ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e carcinoma de cérvix uterino in situ e
  • Doenças degenerativas crônicas e com caráter de transmissibilidade.

Em caso de parada cardíaca, as manobras de reanimação habituais devem ser realizadas, pois, quando revertida, os órgãos podem ser retirados.

  1. CUIDADOS BÁSICOS NA MANUTENÇÃO DO DOADOR

a. Garantia de acessos vasculares

b. Tratamento de hipotensão com:

  • Reposição volêmica vigorosa (cristalóides e colóides)
  • Uso de dopamina (10 µg/kg/min) ou outra droga vasoativa

c. Ventilação:

  • Volume inspiratório de 10 ml/kg de peso
  • PEEP: 5 cm de H_2 O
  • Gasometria arterial periódica

d. Controle de hipotermia com:

  • Focos de luz próximo ao tórax/abdome
  • infusão e ventilação aquecidas (37 – 40° C)
  • Cobertor térmico, se possível
    e. Outros cuidados:
  • Reposição de eletrólitos de acordo com a necessidade - hipernotremia (hipocaemia é o mais frequente)
  • Reposição de bicarbonato de sódio em acidose metabólica
  • Correção de hiperglicemia com insulina regular, por via subcutânea ou intravenosa
  • Uso regular de antibióticos profiláticos e terapêuticos
  • Transfusão de sangue quando Hb < 10 g/dI
  • Proteção ocular com gaze umedecida

Doação de Córneas - Vamos alcançar "Fila Zero"

As córneas podem ser retiradas até seis horas após a parada cardíaca; sendo assim, não é necessário diagnóstico de morte encefálica.

Para retirada das córneas não é necessário ambiente hospitalar, podendo ser extraídas no necrotério, ou mesmo, na casa do doador.

Para garantir viabilidade das córneas, as pálpebras do potencial doador devem permanecer fechadas, evitando-se ulcerações no tecido. Para isso, elas podem ser fechadas com uma fina tira de esparadrapo ou colocando gaze umedecida com soro fisiológico a 0.94% sobre os olhos.

A inviabilidade das córneas decorre da manutenção inadequada do potencial doador, como na situação em que as pálpebras ficam entreabertas, levando a úlceras.

Não há limite de idade para a doação de córneas.

As principais contraindicações são: doenças infecciosas (HW, hepatite B e C) e septicemia. Para obter-se a doação, após a parada cardíaca do paciente, a família deverá ser entrevistada e consultada sobre sua vontade de doar. Após o consentimento, o médico, enfermeiro ou assistente social deverá entrar em contato telefônico com a Central Estadual de Transplante (CET) de seu estado e notificar a doação. A retirada das córneas não causa nenhum efeito estético indesejável no doador.

Um profissional irá até o local para efetuar a retirada das córneas.

Para o sucesso na obtenção de córneas são fundamentais:

1 - Manter protegidas as córneas do potencial doador;
2 - Entrevistar a família logo após a ocorrência do óbito e
3 - Notificar imediatamente a CET.

Critérios para Diagnóstico de Morte Encefálica
Leia aqui, na íntegra, a Resolução Nº 2.173, de 23 de novembro de 2017, que define os critérios do diagnóstico de morte encefálica.

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